
Com o resultado das PASO [eleições Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, ocorridas em 11 de agosto] e a expectativa de vitória de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner neste domingo, 27/10, a rapinagem neoliberal vive um clima de fim de festa na Argentina; desencadeia estratégias destrutivas contra as finanças nacionais.
É fácil entender esse terrorismo especulativo em que o capital financeiro atua nas 2 pontas: por um lado, cria problemas e dificuldades para o país e, ao mesmo tempo, obriga o governo a atuar não para estancar as perdas, mas para perder ainda mais.
Trata-se de um verdadeiro desmanche das contas argentinas que tem no governo Maurício Macri o jogador principal.
Não bastasse a impressionante fuga de capitais de 304 bilhões de dólares acumulados no 2º trimestre deste ano [aqui], que representa mais de 30% do PIB do país, as reservas em dólares estão sendo derretidas na vã tentativa de conter o ataque especulativo contra o peso, a moeda nacional argentina.
O dólar estava cotado a 40 pesos argentinos há menos de 10 dias, e atingiu a cotação de 65 pesos na sexta-feira pré-eleitoral, 25/10 – uma subida de mais de 60% neste curto período.
Apesar da queima de reservas internacionais de mais de 400 milhões de dólares em média por dia no período de 6 de agosto a 25 de outubro, a cotação do dólar não pára de subir.
Em determinados dias, o Banco Central liquidou 600 milhões. Na última sexta-feira, 25/10, o BC esfumaçou 1,8 bilhão de dólares das reservas internacionais, que somavam 66,3 bilhões em 6 de agosto e passaram a 43,5 bilhões no dia 25 de outubro.
Isso significa que 22,8 bilhões de dólares das reservas internacionais do país foram queimados nessa jogatina, expondo o país a extrema vulnerabilidade.
Apesar dessa queima de capital nacional, contudo, analistas econômicos avaliam que nos próximos dias o dólar deverá valer 85 pesos, podendo inclusive alcançar a casa dos 100 pesos ou mesmo superá-la.
Trata-se, inegavelmente, de uma verdadeira pirataria financeira contra o Estado e contra o povo argentino.
O dramático é que a Argentina continuará exposta aos ataques especulativos patrocinados pelo seu próprio governo. Entre a eleição deste domingo, 27/10, e a posse do governo eleito em 10 de dezembro, o país poderá ser jogado no precipício pela sua oligarquia colonizada e vende-pátria.
Maurício Macri e o grande capital internacional deixarão uma bomba armada para tentar inviabilizar a gestão Alberto Fernandez-Cristina Kirchner.
Sobre o autor: Jeferson Miola é Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea)
Nota do Editor: O texto foi originalmente publicado no blog do autor antes da apuração e declaração de resultado das eleições da Argentina, na qual a coalizão de oposição venceu no primeiro turno.
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